Confrontos deixam mortos na cidade líbia de Misrata, segundo agências (Postado por Erick Oliveira)
"Das 8h às 17h de sábado, recebemos 25 mortos e 100 feridos", entre rebeldes e fiéis a Kadhafi, o que normalmente é um número do dia inteiro, disse o médico Khalid Abu Salra, no hospital Al-Hikma, nessa cidade portuária do oeste do país. "Estamos esgotados, faltam pessoal e remédios", afirmou.
As ambulâncias chegavam a cada três ou quatro minutos, enquanto o pessoal do hospital limpava freneticamente as macas manchadas de sangue, constatou um jornalista da AFP. Misrata tem sido palco de guerrilha urbana entre forças pró-Kadhafi e rebeldes há mais de seis semanas.
Os confrontos deste sábado na cidade portuária ocorreram depois de o regime de Kadhafi ter dado a seu exército um "ultimato" para conter a rebelião na cidade, localizada a 200 quilômetros a leste da capital.
Segundo a Reuters, pelo menos quinze pessoas foram mortas por armadilhas e emboscadas feitas pelas brigadas de Gaddafi neste sábado, enquanto se retiravam da cidade de Misrata, disse um porta-voz dos rebeldes à TV Al Jazeera.
“Eu recebi a informação de que quinze pessoas foram torturadas e 31 feridas como resultado das emboscadas das brigadas de Gaddafi no local de sua retirada”, disse o porta-voz, Abdel Basset Abu Mezerik à estação. Ele disse que as forças do líder líbio também utilizaram “métodos sujos” de armadilhas enquanto se retiravam de Misrata.
Ultimato
O vice-chanceler, Khaled Kaim, disse: "houve um ultimato para o exército líbio: se eles não resolverem o problema em Misrata, então as pessoas das cidades vizinhas de Zliten, Tarhuma, Bani Walid e Tawargha vão intervir e conversar com os rebeldes". "Se não se renderem, entrarão no confronto", disse a jornalistas.
Hamed al-Hasi, coronel que coordenada os rebeldes da cidade de Ajdabiya, disse que a decisão significa que os insurgentes começaram a vencer a guerra. "Esse foi o primeiro prego do caixão de Kadhafi. Isso significa que o exército líbio não é mais capaz", disse à AFP.
EUA
Os Estados Unidos promoveram seu primeiro ataque com o drone Predator na Líbia no início da tarde deste sábado, informou o Pentágono, sem dar detalhes sobre a localização dos alvos.
Mais cedo, a Otan promoveu ataques contra a residência de Kadhafi em Bab al-Aziziya, no centro de Trípoli, no que aparentava ser um bunker. A agência oficial Jana informou que duas pessoas morreram nos ataques da Otan na noite de sexta-feira em Zintan, região do sudeste de Trípoli. Os aviões da Otan continuavam a sobrevoar Trípoli neste sábado.
Paralelamente, um alto oficial militar afirmou que os ataques aéreos das forças aliadas destruíram de 30% a 40% das forças de Kadhafi, afirmando que o conflito estava progredindo para um impasse. "Tenho certeza de que as forças da Otan continuarão a destruir a capacidade militar das forças do regime", disse o almirante Michael Mullen.
Rebeldes reclamaram que civis estão sendo mortos em locais como Misrata, onde ruas inteiras foram pulverizadas com tiros e bombardeios. França, Itália e Inglaterra anunciaram que enviariam soldados para o leste da Líbia, mas apenas para auxiliar os rebeldes em questões técnicas, logísticas e organizacionais, e não para entrar em combate.
O presidente francês, Nicolás Sarkozy, declarou sua intenção de seguir os paços do senador americano John McCain e visitar Benghazi.
Livre
Mais cedo, um porta-voz dos rebeldes líbios disse que Misrata foi libertada das forças de Kadhafi neste sábado. “Misrata está livre, os rebeldes venceram. Das forças de Kadhafi, alguns estão mortos, outros fugindo”, disse o porta-voz dos rebeldes Gemal Salem à Reuters por telefone.
Salem disse que, apesar das forças de Kadhafi terem se retirado de Misrata, elas continuavam do lado de fora da cidade e em posição para bombardeá-la. Última grande cidade dominada pelos rebeldes no oeste da Líbia, Misrata tem sido cercada pelo governo por quase dois meses. Centenas de civis morreram nos combates.
Salem disse que o objetivo dos rebeldes em Misrata agora é ajudar os demais insurgentes em outras regiões do oeste da Líbia na luta contra Kadhafi. Ele disse que os rebeldes estavam passando um pente fino em Misrata e limpando as ruas da cidade. Antes de deixarem a cidade, segundo o porta-voz, as forças leais a Gaddafi deixaram armadilhas em casas, carros e até cadáveres.
“Um homem estava abrindo sua geladeira quando foi para casa após as forças de Kadhafi deixarem a cidade pela manhã e ela explodiu na cara dele. O mesmo com os cadáveres. Quando os rebeldes tentam levantar um cadáver, ele explode”, disse.
O governo líbio disse que os ataques aéreos da Otan na cidade significam que não faz mais sentido as tropas combaterem na cidade e que tribos locais assumirão a batalha.
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